Vieses discriminatórios em IA é abordado em encontro de liderança digital para mulheres - CSJT2
Segundo a pesquisadora Bianca Kremer, o debate passa pela forma como a tecnologia vem sendo utilizada para a repetição de padrões discriminatórios.
A palestra ficou a cargo de Bianca Kremer, pesquisadora em Direito e Tecnologia com enfoque em Privacidade e Proteção de Dados e Governança da Inteligência Artificial.
30/10/2023 - A 8ª edição do Ciclo de Encontros Virtuais: Liderança Digital para Mulheres foi realizada nesta segunda-feira (30) e abordou o tema “Vieses discriminatórios em inteligência artificial”. A palestra ficou a cargo de Bianca Kremer, pesquisadora em Direito e Tecnologia com enfoque em Privacidade e Proteção de Dados e Governança da Inteligência Artificial.
Economia da atenção
De acordo com a especialista, a tecnologia é uma ferramenta poderosa para ampliar resultados positivos para a sociedade, mas, também, às vezes acaba sendo utilizada para invisibilidade. Para ela, o impacto do viés discriminatório com uso da IA é significativo, pois vivemos na era do colonialismo digital e da economia da atenção. “Com o uso das plataformas digitais vivenciamos vários aspectos diferentes do uso da tecnologia. Nossa atenção é um ativo econômico escasso mas cobiçado pelas plataformas que lucram com a nossa permanência em seus produtos, sem que estejam preocupadas com a inclusão e valorização social”, observou.
Padrão não rentável
Sobre as ações discriminatórias, Bianca trouxe exemplos reais como no caso da queda de impulsionamentos de conteúdos postado por usuários negros. “A discriminação por algoritmos levou a invisibilidade desses conteúdos atribuindo um valor de um padrão não rentável e que não estimulava a manutenção de atenção das pessoas nessas postagens gerando uma queda expressiva de visualizações” destaca. “Isso é uma forma de demonstrar a estratificação de oportunidades que vivemos no espaço físico também no ambiente virtual”, concluiu.
Diferenças
Por fim, a professora ressaltou que as tecnologias não são neutras e o que vivenciamos com o uso da inteligência artificial é a replicação de padrões onde se reforçam as diferenças e o Direito tem um papel fundamental neste debate. “A tecnologia é produzida de pessoas para pessoas e a questão é como ela vem sendo utilizada. Precisamos repensar a aplicação dessa ferramenta em um país altamente marcado por um recorte discriminatório em que não existe uma política robusta de proteção de dados e uma preocupação com a inserção social e criação de políticas públicas”, concluiu.
Liderança Feminina
O Encontro Liderança Digital para Mulheres é promovido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho e visa promover a participação de magistradas e servidoras na esfera da Tecnologia da Informação no Judiciário Trabalhista. Os encontros são, predominantemente, liderados por profissionais femininas especializadas no campo tecnológico.
A liderança feminina no campo da Tecnologia da Informação ainda é baixa, por isso, iniciativas como estas são importantes para desmistificar tabus e estimular a participação feminina em temáticas estratégicas para as instituições.
(Andrea Magalhães/AJ)